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Melania Gomes voltou a dar voz a uma das partes mais dolorosas da sua história. No podcast 40 Minutos, do Observador, a atriz partilhou, uma vez mais, a experiência traumática que viveu na infância — e como essa ferida a transformou numa mulher mais atenta, protetora e consciente.
Quando tinha cerca de 6 ou 7 anos, Melania foi vítima de abuso sexual por um familiar. Contou à sua família, mas ninguém levou a sério. Um silêncio que, segundo a própria, a perseguiu durante anos. “O meu corpo não consegue esquecer”, confessou, com a sinceridade de quem carrega uma dor invisível, mas ainda muito presente.
A atriz tornou-se, desde então, vigilante. Atenta a sinais que possam indicar sofrimento silencioso noutras crianças. Recordou, no podcast, o momento em que sentiu necessidade de ligar para uma educadora de infância ao perceber comportamentos suspeitos: “Disse-lhe para não me chamar doida, mas para prestar atenção àquela criança. As dores de barriga podiam ser um sinal.”
Melania fez questão de desconstruir mitos. O abuso, diz ela, não é apenas um ato físico brutal. “É também o medo, o stress, a angústia constante. São marcas invisíveis que se cravam no corpo.”
O impacto do seu testemunho ultrapassou as fronteiras da sua história pessoal. Desde a primeira vez que falou publicamente sobre o que viveu, recebeu milhares de mensagens — algumas transformadoras. Uma, especialmente, mudou tudo: uma mãe contou-lhe que, graças à entrevista, conseguiu impedir o abuso de uma criança. “Essas palavras valeram tudo”, afirmou Melania, emocionada.
Hoje, ela sabe que a dor não desaparece. Mas também sabe que pode ser usada para fazer a diferença. Para alertar. Para proteger. E, acima de tudo, para garantir que outras crianças tenham a escuta e o amparo que ela não teve.
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