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Ontem, estava na Praia da Manta Rota. Um homem entrou em paragem cardiorrespiratória à nossa frente. Eram cerca das 13:15 horas. Tanto os nadadores-salvadores como dois enfermeiros, entre eles o Rafael Nunes, iniciaram manobras de reanimação ao senhor, que tinha apenas 58 anos, mais novo do que o meu pai e, talvez, do que o vosso”, começou por escrever Emanuel Monteiro, esta segunda-feira, dia 7, no Instagram, relatando um caso que ele próprio vivenciou.
“O INEM foi logo chamado e devidamente informado sobre o que estava a acontecer. Ao longo de muitos minutos, muitos mesmo, os dois enfermeiros que, tal como eu, estão de férias, não desistiram daquela vida humana e não pararam, nem um segundo, de fazer massagens cardíacas. Ficaram, até, com queimaduras de abrasão nos joelhos e nas pernas a tentar salvar aquela pessoa. Mas o INEM só apareceu 40 – sim, leram bem, 40 – minutos depois e, em vez de mandar uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação, com um médico, um enfermeiro, máquinas e medicação que salvam vidas, mandou apenas uma ambulância com uma enfermeira e uma técnica de emergência, que mais nada fizeram além daquilo que já estava a ser feito”, prosseguiu o jornalista da TVI e da CNN Portugal.
Segundo Emanuel Monteiro, “o INEM veio depois alegar que não mandou uma VMER porque a única disponível estava a 45 minutos de distância e que, depois, fez uma segunda avaliação com a equipa do INEM, que entretanto chegou e que já não valia a pena, porque o senhor não estava a reverter”. “O INEM desvaloriza a ausência da VMER, dizendo que havia uma médica na praia que prestou assistência ao senhor. Falamos de uma médica que, tal como os enfermeiros, estava de férias, sem equipamento ou medicação para salvar vidas”, frisou.
O caso terminou com o pior dos cenários. “Era preciso muito mais, por isso, como era previsível, não foi possível salvar o senhor. O Estado falhou, porque deixou morrer um homem sem ter feito tudo o que podia para o salvar, neste caso, ter mandado uma VMER de imediato, com um médico, um enfermeiro, medicação e máquinas de suporte avançado de vida”, defendeu.
“A situação é grave, é perigosa e impõe reflexão sobre o país que temos e aquele que realmente precisamos de ter. Impõe reflexão, sobretudo, a forma como o INEM tentou branquear aquilo que aconteceu. Desta vez, não foi alguém que me contou. Fui eu que vi, fui eu que vivi cada segundo daquelas duas horas. E aquilo que vi, tenham a certeza, foi de uma desumanidade enorme, porque, se o socorro profissional tivesse sido expedito e efetivo, o senhor, que era mais novo do que o meu pai, agora, poderia estar vivo e a aproveitar as férias”, lamentou o profissional da TVI e da CNN Portugal.
Seguidamente, Emanuel Monteiro partilhou uma fotografia da atuação do INEM na recém-terminada Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realizou, pela primeira vez, em Portugal. “O mais irónico é que, pelo visto, neste grande evento em Lisboa, o INEM não falhou. Mas o senhor de ontem morreu à minha frente sem a presença de um médico do INEM e de uma VMER. É este o país que merecemos?”, questionou o jornalista, em jeito de reflexão.
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