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No último episódio da série “Ruído”, emitido a 25 de junho, Bruno Nogueira fez aquilo que poucos conseguem: riu-se do próprio ofício, dos seus pares e do estado do mundo — tudo ao mesmo tempo. E fê-lo com coragem, inteligência e ironia.
O sketch final, recheado de nomes sonantes do humor português (e com um toque brasileiro via Gregório Duvivier), imaginou um cenário absurdo e assustador: um mundo onde cada piada tem consequências imediatas, onde o riso é policiado e onde os próprios comediantes são perseguidos pelas suas criações.
Num tempo em que humoristas enfrentam tribunais, como Joana Marques no caso com os Anjos, a sátira assume uma nova carga dramática. O que antes era absurdo agora é plausível. E isso é tão cómico quanto trágico.
“Ruído” não só abordou o tema — escancarou-o. Com um elenco de luxo e uma encenação cuidada, Nogueira ofereceu-nos um espelho. E, por momentos, o riso deu lugar ao incómodo. Porque a pergunta está feita: será que ainda podemos rir? Ou já nem isso?
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