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Foi na “Curva da Vida” que Luís Gonçalves expôs uma ferida antiga — e ainda bem aberta. Com lágrimas nos olhos, o ex-militar contou que não fala com o irmão há três anos e que essa distância pesa-lhe no coração todos os dias. “É uma cruz que carrego às costas, mas vou aguentar”, disse. A sua voz tremia, mas nas palavras havia esperança: “Sei que vou ter de perder mais algum tempo de vida para ir ao encalce dele.”
O que o público talvez não soubesse é que o irmão de Luís vive atualmente como sem-abrigo, nas ruas de Lisboa. Mas, ao contrário do que muitos poderiam pensar, não é falta de apoio — é uma escolha de vida. “Ele já tentou tudo. A mãe também. Ofereceram-lhe casa, ajuda, conforto. Mas ele não quer”, revelou Tiago Almeida, amigo próximo de Luís.
E o mais inesperado? O irmão é um homem com duas licenciaturas: Engenharia Civil e Belas Artes. Brilhante, apaixonado pelo saber, mas também profundamente ligado à espiritualidade. “Envolveu-se com a Bíblia, falou num voto de pobreza, afastou-se de tudo o que era material”, explicou Tiago.
André Vieira, outro amigo antigo, resume de forma crua: “Tem duas licenciaturas e só não seguiu para mestrado ou doutoramento porque se perdeu. A internet foi demais. Consumia informação sem parar e… o chip patinou.”
A história de Luís é dura, mas humana. Mostra que, por detrás de cada concorrente, existe muito mais do que o que se vê nas câmaras. Há dores antigas, laços partidos e histórias que continuam a ser escritas longe da casa — e que por vezes só o coração consegue carregar.
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