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Um jovem, cujo nome é Gaspar Macedo, escreveu nas suas redes sociais uma fotografia ‘a um mentiroso’, tal como deixou explicito no titulo, juntamente de uma fotografia de Pedro Passos Coelho.
“Caro Pedro Passos Coelho, no passado dia António Costa afirmou que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo eram “uma referência da capacidade de renovação da indústria naval do país”, numa cerimónia de batismo do primeiro navio construído totalmente em Portugal. Lá para aplaudir estava também o socialista José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, que por várias vezes o acusou de “faltar à verdade” e de por isso, segundo as suas palavras, “não merecer usar a bandeira nacional na lapela”.
Em 2014, depois de 20 anos e centenas de milhões de euros em prejuízos pagos pelos contribuintes portugueses, José Maria Costa opôs-se mesmo assim à decisão do seu governo em liquidar e privatizar a empresa pública de construção naval. Nesse mesmo ano, depois de colocar um ramo de flores em cima da mesa onde se assinaria o acordo de privatização, o autarca socialista disse aos jornalistas que estava “revoltado” e que vinha “ao velório da construção naval em Portugal”.
O mesmo presidente de câmara que tanto se opôs ao “crime” que era a privatização dos Estaleiros, decretando até a sua morte, foi o mesmo que no passado dia caminhou na passadeira vermelha para comemorar o sucesso da decisão do mesmo homem que acusou de não ser patriota.
Assim, José Maria deu continuação à velha tradição portuguesa de que acima de quem constrói ou resgata estão aqueles que se limitam a inaugurar.
Em 2016, José Sócrates, já fora da cadeia de Évora, foi convidado para inaugurar o Túnel do Marão, um investimento de 400 milhões de euros, mesmo que a obra tenha sido suspensa logo no início com a chegada da crise, e que tenha sido o governo de Passos Coelho a retomar e terminar a sua construção. Durante a cerimónia de inauguração, José Sócrates acabou por dizer que Passos Coelho nunca compreendeu “o simbolismo” daquela obra e que o convite de António Costa significava um regresso à “decência democrática”.
Indecente, é colocarmos os partidos acima do país. Indecente, é recolhermos os louros daquilo que não fizemos.
Depois de anos a ser acusado de mentiroso, de “faltar à verdade”, a realidade é que este governo ainda vive do trabalho por si feito. Inauguram aquilo que não construíram, vangloriam-se daquilo a que tanto se opuseram e responsabilizam-no pelos erros do presente. Ainda hoje Mário Centeno admitiu numa entrevista ao Financial Times que durante este governo “não foram feitas grandes mudanças” à política do governo anterior, desmentindo a “viragem da página da austeridade” de António Costa. E enquanto os feitos do passado são apropriados como vitórias do presente, nada de novo se constrói e o país adia-se.
Por isso, caro Pedro Passos Coelho, os que se incomodam pelo simples facto de usar a bandeira nacional na lapela ou de recusar inaugurar obras públicas mediáticas apenas para ganhos eleitorais, são os mesmos parecem ter orgulho em mostrar que são primeiro socialistas e só depois portugueses.
Tenho dito.”
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